Tentar decidir qual é o meu herói de banda desenhada preferido não é uma tarefa muito difícil. Não gosto muito do Spider Man, nem dos X-Men, nem do Hulk ou do Quarteto Fantástico. Mas, quando a lista chega a dois nomes, a escolha já não é tão simples. Batman e Superman. Adoro o Batman porque é um homem mortal, sem super-poderes e cheio de defeitos. Tem períodos negros da sua vida e constantes conflitos interiores. É, na minha opinião, o mais complexo Super-herói. Por outro lado, Superman é o ser perfeito. Físicamente, intelectualmente, moralmente. É capaz de voar (provavelmente o melhor super poder que se pode ter), é praticamente indistrutível e nunca mente. Tem uma força inqualificável, é rápido como a luz, através dos olhos lança raios e com o sopro congela qualquer coisa. A sua única fragilidade, Kryptonyte. Ou será que é mesmo a única?
Brian Singer foi aclamado pelo seu trabalho em X-Men 1 e 2. Decidiu não continuar na saga para rescuscitar Superman no cinema. Ficou também eternizado pela sua obra-prima, The Usual Suspects.
O último filme de Superman estreou à 19 anos, com o falecido Christopher Reeves, mas a personagem nunca nos deixou. Seja na pele de Dean Cain, em Lois and Clark: The new Adventures of Superman (série de televisão transmitida pela TVI), ou Tom Welling em Smallville (série de televisão transmitida pela RTP1). Mas Reeves ficou imortalizado como Superman e é, e quanto a mim será sempre, o verdadeiro. Não estou com isto a dizer que os outros actores fizeram um mau trabalho. Pelo contrário, fui fã devoto de Lois and Clark e agora assisto com alguma frequência a Smallville. Mas Christopher Reeves era o personagem. Encarnava toda a ideia de perfeição que eu tinha em relação ao herói.
Mas, deixemo-nos de contextos históricos e passemos à crítica ao filme, propriamente dito.
Brian Singer não me convenceu totalmente com os X-Men, mas mostrou ser o homem certo para realizar este filme. Desde o genérico inicial [fabuloso] até à última cena somos entretidos, como um filme deste género deve fazer. Um dos trunfos do filme é a forma como relembra os antecessores, dos anos 80. É quase uma Metrópolis intemporal, com a mesma aura de à 20 anos.
Brandon Routh é quase tão bom como Christopher Reeves. É provavelmente melhor, no que diz respeito à separação Clark Kent/Superman. É curioso também a forma como Routh utiliza algumas das técnicas de Reeves para dar vida ao personagem. A abordagem é similar, por isso sentimos sempre uma sensação de empatia e proximidade com "aquele" Superman. Kevin Spacey é maquiavélico na sua interpretação de Lex Luthor, brindando-nos com mais uma das suas dedicadas representações. Kate Bosworth é uma boa actriz, é lindíssima, suprpreendeu-me totalmente pela positiva, porque acredito no seu personagem, nas suas motivações. Mas, não é Lois Lane. Em momento algum do filme eu olhei para ela e pensei em Lois Lane. Simplesmente não se enquadra no perfil. Tem a confiança que faltava a Teri Hatcher (quanto a mim, a melhor Lois Lane até à data), mas falta-lhe o resto. Mesmo Margot Kidder cumpria melhor o lugar do que Kate Bosworth. E depois há outro factor que eu não consegui ultrapassar em todo o filme. Que cabelo era aquele? A rapariga parecia que tinha levado um choque eléctrico. Mas, pronto... pormenor técnico pouco significativo.
Alguns queixam-se da pouca acção que o filme tem, pois eu achei que tinha acção de sobra, uns efeitos especias do outro mundo e uma história não demasiado lamechas nem demasiado à bruta. Um bom equilibrio entre um filme de aventuras e um romance. Sim, há muito romance, tal como também havia nos filmes de Christopher Reeves, porque, tal como deixei em suspense no ínicio, a única fragilidade do Superman não é só a Kryptonyte, mas também o seu coração.
Aqui temos portanto um filme perfeito para os fãs do Homem de aço, e acredito que esta nova visão de Brian Singer vai trazer também novos fãs. Em 2009 esperam-se novas notícias do Daily Planet.

A minha classificação é de: 8/10
Esqueceste-te de uma coisa que me parece extremamente importante: a imagem. Nos grandes planos do Superhomem, parecia que lhe tinham posto uma camada de papel aderente bem esticadinho, o que fazia parecer uma pintura mais do que uma personagem criada/retocada no Photoshop. Para mim esta realidade visual não se consegue ultrapassar ao longo de todo o filme. But that's just me.